quarta-feira, 1 de junho de 2011

O fluxo migratório Brasil-Portugal e a imagem da mulher brasileira em Portugal

Ao longo das últimas décadas houve um aumento da migração de brasileiros para Portugal. Em 2002, eram 48.691 brasileiros residindo em Portugal. Já em meados de 2004, essa quantia passou para mais de 100 mil imigrantes, tendo aumentado ainda mais a cada ano. Os brasileiros compõem, nesse país, a maior comunidade estrangeira em termos numéricos. Para tanto, podemos destacar vários motivos, tais como a isenção de visto para a entrada de brasileiros, o que facilita os processos burocráticos de documentação e legalização; a busca por melhores condições de vida, e as semelhanças lingüísticas e culturais entre os dois países. 

Um ponto que merece destaque na discussão desse fluxo migratório diz respeito à visão que o povo lusitano tem sobre a mulher brasileira: depoimentos de imigrantes revelam que elas possuem uma imagem erotizada, diversas vezes associadas à prostituição. Analisando as origens da construção desse estereótipo, observa-se que vários fatores contribuíram para isso, a saber: a cultura carnavalesca; o fato de vir de um país subdesenvolvido; o culto ao corpo. Abaixo segue um depoimento de Mônica Franco Favaro, publicitária portuguesa atualmente residente no Brasil, sobre suas impressões em relação aos imigrantes brasileiros em Portugal: 

“Por volta de uns 10 anos atrás, notou-se um grande fluxo migratório de brasileiros em Portugal, quando estes países lusófonos estreitaram seus laços comerciais e político-sociais e aqueles que decidissem lá permanecer adquiriram o visto de residência.

A mídia não teve, e nem tem, qualquer influência negativa quanto à nossa percepção do brasileiro em geral, muito pelo contrário. Desde sempre, lembro-me de assistir a novelas e programas brasileiros que suscitaram em mim, e tenho a certeza que falo em nome de muitos outros portugueses, interesse e curiosidade em conhecer essa terra repleta de praias paradisíacas, de pessoas calorosas e sorridentes e de uma floresta única e abundante em sua fauna e flora. 

No entanto, a mais dura realidade é que a imagem que, hoje, muitos portugueses fazem do povo brasileiro não é positiva. Isto deve-se ao facto de que houve uma entrada “desenfreada” de brasileiros sem maior indagação de seus motivos e seu grau de instrução. A maioria era de origem Nordestina ou de regiões pobres, com pouca ou qualquer instrução, que estavam deixando o seu país à procura de uma melhoria de vida. A meu ver, a ambição em ganhar dinheiro levou a que muitos deles se desvirtuassem pelo caminho, procurando formas mais fáceis e rápidas de ganhá-lo. O resultado foi o aumento da prostituição e dos furtos e roubos no país, factores que levaram o nosso governo a fechar novamente as fronteiras, alguns anos depois. 

Infelizmente, essa é a lembrança que muitos portugueses têm quando se deparam com um brasileiro, embora saibam que é uma generalização o que fazem, é difícil para muitos desarmarem-se. É a forma que encontraram de se proteger, acredito eu, é uma cautela até sentirem que podem confiar. 

Depois de tudo isso, sinto-me na obrigação de partilhar que eu sou casada com brasileiro, resido no Brasil e a minha família adora o Brasil e seu povo. 

A conclusão é simples, não podemos generalizar as pessoas pela raça, nação ou religião, é assim que se alimenta o racismo, a xenofobia e preconceito religioso. O ser humano, ainda, tem muito que evoluir espiritualmente.”


Referências:
PONTES, Luciana. Mulheres brasileiras na mídia portuguesa. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332004000200008&lang=pt. Acessado em: 25 Maio. 2011

FONTES, Carlos. Imigrantes. Disponível em: http://imigrantes.no.sapo.pt/page2.html. Acessado em: 25 Maio. 2011


Subtema do grupo: Mídia e imigração: representações de migrantes e sua influência na lusofonia. 
Integrantes: Cássio Akahoshi/ Lucas Caldeira/ Murilo Salomé/ Paulo Oliveira

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