Segundo Saulo Arantes Coelin, “o termo cooperação, tomado em seu sentido mais amplo, constitui atualmente a essência da prática diplomática entre países amigos, tanto no plano bilateral quanto no multilateral. O conceito pode incluir desde o diálogo político-diplomático até a cooperação nos mais diversos setores, com destaque para a cooperação econômico-comercial e em ciência e tecnologia.” (COELIN, P.01).
O autor afirma que por muito tempo a cooperação foi vista como que, a relação entre desiguais, uma vez que eram países ricos, com maior desenvolvimento científico, que de certa maneira prestavam esse serviço. Sendo este tipo de relação que caracterizou as relações entre Norte e Sul durante boa parte do século passado, e que com o passar do tempo foi se desgastando e fazendo que houvesse uma busca por uma relação menos assistencialista e entre iguais, que concedesse a chance destes se desenvolverem de fato.
Como conseqüência disto ocorreu o advento das relações de cooperação Sul-Sul. Que tem como marcos o Programa de Ação para a Cooperação Econômica entre Países em Desenvolvimento, adotado na Conferência de Ministros das Relações Exteriores do Movimento Não Alinhado em Georgetown, Guiana, em 1972; no Plano de Ação de Buenos Aires, adotado pelos 138 países que participaram da Conferência da ONU sobre Cooperação Técnica entre Países em Desenvolvimento, ocorrida na Argentina, em 1978; e no Programa de Ação de Caracas, formulado pelo Grupo dos 77 em 1981.
Em um discurso, pronunciado por ocasião da XV Reunião de Diretores de Cooperação Internacional da América Latina e Caribe (Montevidéu, Mar/02), o Diretor-Geral da ABC (Agência Brasileira de Cooperação), Embaixador Marco César Meira Naslausky, defendeu que: “no século XXI a cooperação horizontal deverá crescer e se tornar um dos principais itens da agenda diplomática bilateral dos países em desenvolvimento, tendência que já começou a ser percebida mais claramente nos últimos anos da década de noventa. As potencialidades que a cooperação Sul-Sul oferece para o estreitamento das relações internacionais entre países em desenvolvimento, em praticamente todas as áreas do conhecimento, têm sido objeto de grande atenção por parte dos Governos dos mencionados países. Prova disso é o surgimento, nos últimos anos, de diversos órgãos especificamente concebidos para coordenar e promover essa promissora vertente da cooperação. O trabalho desenvolvido por essas instituições que atuam na promoção da cooperação entre países em desenvolvimento tem superado as expectativas iniciais e respondem, hoje, por parte substantiva dos programas mantidos entre os referidos países, os quais, sem substituir a cooperação vertical, mas ao complementá-la, redimensionaram e enriqueceram a cooperação técnica internacional.”
Segundo informações do site da Agência Brasileira de Cooperação, a inserção do Brasil na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) ocorreu justamente sob o duplo signo da avaliação político-estratégica do interesse nacional e do sentimento de solidariedade que nos aproxima de países e povos com os quais compartilhamos elementos históricos e culturais, bem como projetos comuns de desenvolvimento e paz. Assim, a CPLP constitui-se um marco orientador de prioridades para a atuação brasileira na cooperação Sul-Sul, como reflexo de uma opção de política externa e resposta natural ao imperativo de potencializar os esforços de cooperação internacional do país. “A política externa brasileira prioriza a importância da cooperação Sul-Sul no contexto das relações internacionais tendo em vista sua capacidade de estreitar laços, na esperança de que seja um dos caminhos mais seguros para lograr o desenvolvimento sustentável, a elevação do nível e da qualidade de vida das populações com mais justiça social.” [1]
Vídeo: NBR Entrevista - Objetivos do Milênio 8 - Cooperação para o Desenvolvimento - Parte 1
Referência
[1] Disponível em http://www.abc.gov.br/abc/coordenacoesCGPDIntroducao.asp. Acessado em 14/06/2011
COELIN, Saulo Arantes. O Brasil na CPLP - Uma modalidade de cooperação Sul-Sul. Disponível em <http://www.dc.mre.gov.br/imagens-e-textos/CPLP-Port-4.pdf>. Acessado em 14/06/2011
Grupo: Kaique Carvalho e Virginia Góes
Subtema: Relações Brasil-África no contexto das mudanças climáticas.
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