Como exposto nos textos anteriores, o Canal do Panamá representa mais do que um
grande projeto bem sucedido da engenharia, é o principal motor econômico do
istmo centro-americano, trazendo ao Panamá grande visibilidade no cenário
internacional graças aos 4% de todo o comércio marítimo mundial que passa por lá.
Numa tentativa de expandir tal participação no
setor econômico mundial, foi iniciada, em 2007, a ampliação do Canal com base
em um terceiro jogo de comportas, avaliado em US$ 5,25 bilhões. Este projeto,
apesar de seu elevado custo, acarretaria um aumento significativo da importância
da região, uma vez que o comércio por meio do Canal passaria a representar
cerca de 6% do total internacional (em números absolutos passaria de cerca de
US$ 300 milhões para aproximadamente US$ 550 milhões). Este aumento se daria
pela possibilidade de que navios de maior porte, que hoje são impedidos de
utilizar o Canal do Panamá, passem por este istmo.
Apesar do projeto de ampliação, atualmente, a China
estuda uma alternativa ao Canal através da construção de uma ferrovia que
ligaria as costas atlântica e pacífica da Colômbia. “‘É uma proposta real [...]
e está bem avançada’, disse o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ao
jornal Financial Times. ‘Os estudos que [os chineses] fizeram sobre os
custos do transporte por tonelada, o custo do investimento, tudo é viável.’”¹
Essa ferrovia teria aproximadamente 220 quilômetros ligando a costa do Pacífico
a cidade colombiana de Cartagena, “onde os produtos chineses seriam montados
para reexportação às Américas. Na viagem de volta à China, os vagões levariam
matérias-primas colombianas”². O jornal Financial Times ainda firma que “para
se mostrar competitiva e economicamente viável, a nova ligação precisa ser mais
barata e mais rápida que suas concorrentes”³.
Mesmos sendo significativas as vantagens obtidas
com ambos os projetos, ainda é preciso considerar os impactos ambientais que
construções de porte tão grande acarretam.Tanto para ampliar uma passagem ístmica
como o é o Canal do Panamá, quanto para construir uma ferrovia em território
colombiano, são necessárias mudanças consideráveis no território, na alocação
da população, na fauna e na flora das regiões consideradas. Isto, porque, para
efetuar as construções desejadas, é preciso “limpar” os territórios a serem
trabalhados e tal só acontece através de devastações da flora original fato
que, consequentemente, afeta negativamente a fauna da região, podendo levar à
extinção de exemplares de ambos os grupos de componentes da natureza.
Além disso, o espaço necessário para comportar os
projetos de aumento da capacidade de transporte de bens na região é
significativo de forma tal que exige uma realocação da população que vive nas
proximidades dos locais escolhidos. Tal situação se dá em teoria para proteger
os habitantes da região de efeitos negativos que podem ser gerados durante a
concretização e o funcionamento dos projetos, entretanto, a obrigação de
alterar suas vidas pode gerar grandes desconfortos aos afetados, além da
persistência do risco de que essas mudanças não obtenham todo o aporte
prometido pelas autoridades.
Desse modo, é preciso considerar que a efetividade
dessas construções depende de uma alteração perceptível da geografia, tanto do
entorno do Canal do Panamá quanto da região escolhida para a construção da
ferrovia. Nesse sentido há sempre o risco de que tais alterações gerem reflexos
na natureza da região que podem acarretar consequências, negativas ou não,
permanentes na estrutura natural dessas localidades. Logo, é necessária uma
avaliação que aponte concretamente tais possibilidades de modo que os riscos
sejam devidamente considerados e pesados.
Referências
¹
CHINA estuda alternativa ao Canal
do Panamá. Disponível em:
<http://www.portosenavios.com.br/site/noticiario/navegacao/8168-china-estuda-alternativa-ao-canal-do-panama>.
Acesso em: 12 jun. 2011.
³ CHINA
quer bancar ferrovia na Colômbia para rivalizar com Canal do Panamá, diz ‘FT’.
Disponível em:
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/02/110214_china_colombia_ferrovia_ft_rw.shtml>.
Acesso em: 12 jun. 2011.
A
AMPLIAÇÃO do Canal do Panamá abre novas possibilidades para a região. Disponível
em: <http://www.wharton.universia.net/index.cfm?fa=viewArticle&id=1758&language=portuguese>.
Acesso em: 12 jun. 2011.
Integrantes: Barbara Ellynes Zucchi Nobre Silva, Bruna de Fátima Brito Ferreira e Júlia Silva Salgado.
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