domingo, 22 de maio de 2011

Questão francesa do Marrocos ou marroquina da França?

Não é de hoje que o Mar Mediterrâneo serve como meio para fluxos migratórios. Temos visto isso ao longo da história. E hoje, um fluxo bastante relevante, é o que se dá entre França e sua antiga colônia Marrocos.
Em 1956 a França deixou o Marrocos o país estava em situação de desenvolvimento quase nulo: não havia nem executivos nem indústrias. Na França, por outro lado, não faltavam empregos. Estes estrangeiros pegaram um período de pleno desenvolvimento da França, e sua mão-de-obra foi essencial para que as máquinas funcionassem, e pontes e estradas fossem construídas. Porém, agora que a França está modernizada, parece que a França não quer compartilhar essa riqueza com os imigrantes, ao menos não na mesma proporção.
Esses imigrantes partiram com a idéia de voltar depois que se aposentassem, mas  já não acreditam mais que voltar seja possível, por não quererem abandonar os filhos, uma vez que o islamismo é uma religião bem patriarcal, e com uma valorização enorme da família.
O fato é que esses imigrantes que vão a França, também são emigrantes que vieram do Marrocos, e são tratados como estrangeiros nos dois países! Perdem um pouco de sua cultura, os mais jovens principalmente a questão da língua, muitos bebem álcool (ainda que em segredo), fumam, mas sempre fazem o Ramadã, e nunca se esquecem de sua terra natal, retornando a ela nas férias de verão, e voltando ao trabalho em agosto.
Nessas travessias levam muitos produtos da França, inclusive objetos que não funcionam mais e os franceses jogam fora, mas que é possível consertar. Segundo a edição de 30 de junho do semanário marroquino Tel Quel, cerca de 60% do déficit comercial do país é coberto pelas divisas dos emigrados. Só para que se tenha uma idéia da magnetude desse fluxo de pessoas, as 3 embarcações que fazem o trajeto França – Marrocos transportam 200 mil passageiros por ano, sendo 90% emigrados marroquinos.
Por fim, nunca se esquecem de sua origem árabe, embora não tenham mais certeza do que exatamente é isso. Nesse fluxo possibilitado pelo Mar Mediterrâneo, ficam mais perto de sua identidade, de sua cultura. Ou melhor, agora, de parte dela.

Referências


DAUM, Pierre. A bordo do "Marrakesh Express”. Disponível em:
<http://diplomatique.uol.com.br/acervo.php?id=2008&tipo=acervo>. Acesso em: 17 maio 2011.

DAUM, Pierre. A força dos que vivem longe. Disponível em: <http://diplomatique.uol.com.br/acervo.php?id=1994&tipo=acervo>. Acesso em 17 maio 2011.

Subtema do Grupo: Mar Mediterrâneo: fluxos migratórios, econômicos e culturais
Integrantes: José Haroldo Marsola Júnio / Marcos Vinicius Favero / Romeu Bonk Mesquita

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